quinta-feira, 22 de março de 2012

O mar dos conectados

A consumerização da tecnologia da informação (TI) não é apenas uma tendência chave, que impactará nosso trabalho durante os próximos anos. A introdução de produtos e serviços orientados ao consumidor no mundo corporativo é uma mudança definitiva. É um vírus que contamina nossas organizações, que levará à substituição das práticas atuais pelas preferências do grande público.
Estar num dos setores mais dinâmicos da sociedade é assim mesmo. Fornecedores, acadêmicos e até profissionais experientes surpreendem-se com tamanha evolução. A TI conta com gênios criativos e empreendedores, que nos propiciam um respeitável ferramental. Porém, são os consumidores que definem o que é bom e o que é ruim. São as suas opções que moldam a TI. Eles escolheram o smartphone como peça central de acesso ao planeta digital, as redes sociais como forma de colaboração e a cloud como meio de compartilhamento.
Ao longo de décadas, a escala de utilização da TI passou por centenas, milhares e milhões de usuários. Vivemos à época das centenas de milhões, no limiar do bilhão. A TI corporativa foi, por muito tempo, a fatia do leão, uma ilha de vanguarda num mar de desconectados. Agora, é o contrário. Somos uma ilha ligeiramente atrasada, num mar de conectados. Bem-vindos à consumerização!
O CIO consciente já providenciou as primeiras medidas para abraçar o fenômeno, entre elas, tornou possível a livre escolha de equipamentos profissionais (PCs, tablets e smartphones), a conexão de equipamentos pessoais, o acesso às redes sociais, o desenvolvimento de soluções de mobilidade, a abertura às soluções de cloud computing etc.
Seria muito bom se tudo isso bastasse. Não, é só o começo. São apenas medidas de flexibilização para satisfazer os clientes, enquanto abrimos um grande canteiro de obras, que levará à reconstrução da TI corporativa. Renovação da arquitetura, infraestrutura e aplicações, à luz das melhores referências da informática de consumo.
Se existe uma referência, é a Apple, um fornecedor proscrito da TI corporativa até pouco tempo. Qualquer leigo com um par de produtos Apple pode usufruir o que há de melhor na TI: A interface intuitiva, a loja de aplicações, o armazenamento na cloud, o sincronismo de equipamentos e a interação fácil com o resto do mundo. A maior evidência desse fenômeno é a crescente adesão dos próprios colegas da TI corporativa aos produtos Apple.
Se não formos capazes de entregar soluções com o mesmo padrão do mundo que nos cerca, estaremos condenados a perder o protagonismo da TI nas nossas empresas. As eternas desculpas estão próximas da expiração: “Temos preferência por soluções robustas”; “segurança antes de tudo”, “o que vale é o custo total de propriedade”, entre tantas outras.
A consumerização nos impõe uma agenda de reformulação completa das soluções existentes. Não estaremos sós, pois todo mercado seguirá o mesmo rumo. A existência de uma boa referência é um facilitador, por outro lado, temos de administrar uma horda de usuários impacientes. Os próximos anos colocarão nossa capacidade de gerenciamento à prova. Enquanto não arrumamos a casa, vamos passando certa vergonha.
Luiz de Araujo Moura - Técnico em Informática.

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