terça-feira, 17 de abril de 2012

A TI falha em uma grande responsabilidade: ser líder

BYOD, BYOT, BYOC... são, todas, oportunidades perdidas, capazes de levar até o CIO mais rigoroso a aderir ao BYOB.

Luiz Araujo, Brasil/São Paulo

Publicada em 17 de abril de 2012 às 15h10

 

Os funcionários estão trazendo seus próprios dispositivos e tecnologias para o ambiente de trabalho em números cada vez maiores desde os últimos anos, por um motivo simples com uma origem nada simples: a tecnologia que eles podem trazer é superior à tecnologia fornecida pela TI.
Agora eles estão "trazendo a sua própria nuvem" _ assinando serviços baseados na nuvem por conta própria e usando-os no trabalho. BYOD, BYOT, BYOC? É o bastante para levar até o CIO mais rigoroso a aderir ao BYOB.
Quando você vai a um bom restaurante frequentemente e sabe que a lista de vinhos é absurdamente cara ou ele só tem opções limitadas, a única coisa inteligente a fazer é o BYOB (Bring Your Own Bottle), traga sua própria garrafa. Bem, inteligentes, empresas progressistas de todo o mundo estão começando a oferecer aos seus funcionários a opção do BYOD.
O BYOD/BYOT) surgiu devido a quatro desafios que os departamentos de TI enfrentam há anos. Deveria ter se desenvolvido a partir da enorme oportunidade que representa _ e da qual qualquer CIO poderia tirar proveito.
Já o BYOC é diferente: deve e pode ser completamente desnecessário. É uma tendência crescente no local de trabalho porque a TI não está fazendo o seu trabalho.
Tudo que falta para que o BYOC se torne desnecessário é uma mudança total de atitude por parte da liderança de TI. Mas para fazer isso, precisamos saber o que deu errado _ e isso aconteceu muito antes do primeiro dispositivo de um funcionário fazer login na rede corporativa.
A oportunidade: funcionários cada vez mais familiarizados com computadores
Muitos funcionários possuem laptops. São sistemas portáteis, mais poderosos e atualizados do que os computadores usados no escritório. Também dispõem de muito espaço de armazenamento não utilizado. Caso seus donos pudessem trazê-los para o escritório, tornariam a vida no trabalho mais agradável e produtiva.
Muitos desses mesmos funcionários também possuem smartphones e tablets. Eles ficariam mais felizes se pudessem usar esses dispositivos no escritório, em vez de levar dois exemplares de cada ou passar todo o dia de trabalho longe do seu próprio dispositivo.
Mas há um porém: por que qualquer funcionário doaria parte do seu equipamento pessoal ao seu empregador?
A resposta é simples e óbvia: fereça um subsídio para o uso de tecnologias pessoais _ por exemplo, 600 dólares a cada três anos para a compra de um laptop, além de cópias fornecidas pela empresa do Microsoft Office e Outlook, configurados pelo departamento de TI para que funcionem com os servidores do Exchange da empresa e o sistema de e-mail preferencial do funcionário. Empresas acostumadas a fornecer BlackBerrys também podem oferecer um subsídio semelhante para smartphones, e o mesmo vale para os tablets.
Faça as contas: 200 dólares por funcionário, por ano, por um laptop, é um gasto de TI muito inferior ao atual. A TI poderia então usar a quantia economizada para implementar as modestas melhorias de segurança e suporte necessárias para que os funcionários usem o seu próprio equipamento.
O que o BYOC deveria ter sido
A pergunta: por que os funcionários querem "trazer a sua própria nuvem"? Por que eles querem o Dropbox, o Google Apps, o Gmail, e até o Skype?
A resposta: porque podem usá-los para fazer coisas que a maioria dos limitados kits de ferramentas oferecidos pela maioria dos departamentos de TI não permite.
Comece com o SharePoint ou qualquer outro CMS de uso geral. Se você oferecer o programa e o suporte adequado a ele, não haverá motivo para ninguém usar o Dropbox ou o Google Apps. O SharePoint faz tudo que o Google Apps faz, e muito mais.
E quanto ao Gmail? Posso apostar: se os seus funcionários abrem contas do Gmail clandestinamente para uso comercial, eles o fazem porque a TI definiu um limite ridiculamente pequeno no armazenamento do Exchange (e provavelmente não explicou a eles como usar links para o SharePoint em vez de anexos).
A solução é barata: abra o disco rígido criptografado local de todos para arquivos .pst, e configure um backup fácil para todos, em um dispositivo NAS econômico, por exemplo. O armazenamento custa menos de 14 centavos por gigabyte. Não é preciso mais ser muquirana com isso. Sim, é preciso gerenciá-lo... mas você não pode fazer isso, porque os seus funcionários estão transferindo suas mensagens para o Gmail de qualquer forma, e não há nada que você possa fazer a respeito.
E então temos o Skype. Os funcionários o usam porque ainda não é possível usar uma solução de webconferência para chamadas ad hoc, e eles provavelmente precisam atravessar um procedimento administrativo para agendá-las. Para a maioria deles, a maior parte do tempo, o Skype é mais do que suficiente. O programa permite a eles fazer chamadas de vídeo e até compartilhar a sua área de trabalho, mais ou menos.
Você acha que não tem dinheiro suficiente para isso? É claro que tem. Comparado com a economia por não precisar mais de tantos PCs, o Skype para todos é uma pechincha.
Os funcionários não trazem a sua própria nuvem para implicar com a TI. Eles a trazem porque a TI não os escutou quando eles explicaram como queriam trabalhar. Pior ainda: eles o fazem porque a TI não previu as suas necessidades. E quando o esperado é oferecer à empresa a liderança na tecnologia da informação, essa é uma falha muito grave.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente e opine a respeito