terça-feira, 1 de maio de 2012

Regulamentação: Ajuda ou Atrapalha?


Há alguns anos atrás anos venho ouvindo teses e mais teses a respeito da regulamentação das profissões ligadas à área de TI.
Existe uma grande controvérsia entre os próprios profissionais sobre os benefícios reais que uma regulamentação traria a todos. Muitos falam em rédeas do conhecimento e defendem o livre desempenho das funções na área de TI por qualquer um, outros, defendem a regulamentação com unhas e dentes.
O fato é que o mercado recebe todos os anos milhares de novos profissionais, alguns se capacitaram para exercer a profissão, outros atuam apenas no “feeling” e no conhecimento adquirido ao longo do tempo, são os autodidatas.
Todos nós somos essencialmente autodidatas, porque sem essa característica fundamental seria impossível atuar no mercado, é uma grande forma de progredir e se desenvolver pessoalmente, a curiosidade move o mundo tecnológico.
Por outro lado, acredito que uma organização mínima, subdivisões por áreas, graduação e representação social poderiam trazer grandes progressos para todos, pois entendo ser uma forma de acabar com a falsa sensação de que o profissional de TI atua em todos os ramos da área. Sabemos que não é verdade, mas, a sociedade leiga não.
Ninguém consegue saber tudo, nenhum profissional de nenhuma área ou ramo de atividade. Impossível. Na área tecnológica temos uma peculiaridade que é a rápida evolução. A área de TI é uma área extremamente dinâmica onde a amplitude tecnológica varia entre o “estado da arte” e a obsolescência em uma questão de meses, ou, na melhor das hipóteses, alguns poucos anos.
Somos estigmatizados como “gurus” ou “nerds” uma imagem que mais atrapalha do que ajuda.
Com a regulamentação o nível dos serviços oferecidos melhoraria, uma vez que, apenas profissionais “certificados” atuariam. Todos os profissionais teriam mais chances de trabalhar na área que escolhessem: comunicações, redes, sistemas, infra, etc. Com as especializações os riscos de um trabalho mal feito repercutir negativamente na imagem de todos os profissionais diminuiriam.
Hoje, o profissional mal formado, que comete erros primários, faz com que a credibilidade de toda a comunidade tecnológica seja abalada e estigmatizada. Quem já não ouviu: “Depois que o sistema foi atualizado, nada mais funciona.” Ou “Estava tudo funcionando, depois que mexeram, não consigo fazer mais nada.” Lógico que para o leigo, os serviços não podem ser interrompidos, não importa o motivo, ele não entende, e não têm que entender mesmo, nós é que somos pagos para cuidar disto, mas, muitas dessas situações referem-se a profissionais que trabalham de forma errada, muitas vezes, não porque querem, mas, porque às vezes não têm acesso a uma especialização ou a um estudo mais aprofundado e adequado que lhe dê condições de atuar corretamente na profissão.
Com a graduação, aprende-se a forma correta de se trabalhar, descobrem-se mundos antes desconhecidos. Aprimora-se e às vezes descobre-se que a forma como se trabalha há anos está errada ou poderia ser melhorada. Algumas corporações se esforçam para crescer, mas, não conseguem, estagnam, têm grandes dificuldades operacionais, gerenciais e comerciais.
Nesse cenário a regulamentação pode atuar de forma a garantir um melhor nível dos profissionais que atuam e assim naturalmente os pontos fracos seriam explicitados os fortes ressaltados e as possíveis soluções seriam indicadas de forma muito mais eficiente. Esse seria um processo contínuo que garantiria que as empresas que enfrentam dificuldades possam voltar aos trilhos do desenvolvimento corporativo de forma sustentável e realista.
A rigidez da regulamentação pode causar um impacto em um primeiro momento, mas, certamente contribuiria para o desenvolvimento tecnológico do país e também para o desenvolvimento pessoal de cada profissional envolvido, obrigaria todos a especializar-se ou a graduar-se, enfim, a praticar sua característica essencial de autodidata a favor de toda uma cadeia, mas, principalmente, a favor de si mesmo, dessa vez, com a ajuda da ciência e das técnicas pedagógicas dirigidas especificamente à área de TI.
Um código de ética forte e continuamente aprimorado contribuiria para mudar a imagem que a sociedade tem dos profissionais de TI e principalmente cobrariam de todos atitudes éticas e profissionais e assim conquistaríamos um ganho de credibilidade.
Não é possível saber se a regulamentação algum dia se tornará realidade, mas, uma coisa é certa: O mercado tende a valorizar cada vez mais os profissionais graduados justamente por terem enxergado essa diferença crucial entre os “sem especialização” e os “especializados”. As empresas cansaram de perder dinheiro, chegaram à conclusão que “o barato sai caro” e resolveram proteger seus investimentos de forma a minimizar os riscos de perdas futuras e aumentar as chances de terem investido em um projeto bem estruturado e visionário que muitas vezes será responsável pelo futuro dos seus negócios.
O diferencial competitivo conquistado através da tecnologia é um dos mais difíceis de serem copiados pelos concorrentes, mas, o diferencial competitivo baseado em um projeto tecnológico mal elaborado, conduzido ou executado, não só é facilmente ultrapassado pela concorrência como pode trazer prejuízos incalculáveis para a saúde financeira e para a imagem das empresas e de todos os profissionais de TI.
Poucas são as que se recuperam de um prejuízo dessas proporções e os projetos de TI ganham cada vez mais barreiras para serem aprovados pelos stackholders nas corporações. Dificuldades geradas pelas desconfianças por malogros do passado.
Ao final das contas, hoje e sempre, mas, especialmente por causa da situação exposta, nós somos o que os clientes pensam de nós. A imagem que refletimos é o nosso passaporte para o futuro, isso se mostra valer mais do que um currículo empresarial com anos de fundação e mais uma vez, as imagens das empresas de TI estão atreladas às imagens dos seus colaboradores, portanto, conclui-se que todos dependem de todos, e dessa forma, o futuro a nós pertence, só depende de nós mesmos.

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